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☼ direito à saúde ☼

enviado por Nina Maria 
Castelo Branco

Foto de Anabela Melão
E aí está. A alteração da rede hospitalar pública camuflada: «categorizar os serviços e estabelecimentos do Serviço Nacional de Saúde». José Neves, director da cirurgia cardíaca do Hospital de Santa Cruz, denuncia, sem margem para equívocos, mais um passo no desmantelamento do SNS. O Hospital de Santa Cruz e o Centro Hospitalar de Gaia, estabelecimentos de excelência de cirurgia cardiotorácica, que «operam anualmente cerca de mil e de 900 doentes respectivamente e fazem mais de dois mil cateterismos cada» (25% da actividade do país), vão ver extintos dois dos serviços de cirurgia. É impossível aos outros quatro centros absorverem esta atividade. Nos últimos anos a diminuição do valor pago por doente e o limite orçamental imposto a cada hospital impediram o aumento da atividade cirúrgica nos centros públicos. O tempo de espera para cirurgia cardíaca está entre 3 a 6 meses. O Governo assegura o atual nível de serviços de saúde. A cirurgia cardíaca nas instituições privadas tem preços superiores a 10 000€, que quase sempre excede o limite dos seguros privados e torna pesada a franquia de 20% da ADSE. «Vai-se limitar o acesso dos portugueses à saúde na cirurgia cardíaca!», alerta. O Hospital de Santa Cruz não apresenta défices. Acabando-se a cirurgia cardiotorácica e os cateterismos de intervenção, o hospital esvazia-se funcionalmente e a atividade remanescente será deslocada. Ou vende-se ou fecha-se. Entregam-se as vidas à sua (má) sorte. Mais uma crónica de mortes anunciadas. Vidas desfeitas. Afinal, doentes e velhos são a causa do déficit. E, sendo eles próprios deficitários, "trate-se-lhes" da saúde. De vez. AM